2025 - Never Flinch
Caros "Constant Readers" nacionais, terminei ontem à noite a leitura do "Sem Tréguas" na tradução portuguesa. Com gosto vos digo que gostei mesmo muito do livro! Sempre disse que a Holly não me encantava especialmente, mas dei por mim a gostar de a reencontrar, mais velha, e também tornar a "ver" os amigos dela, os irmãos Jerome e Bárbara, e também a Izzy, a agente amiga dela.
O romance é um policial, que aborda temas como a questão do aborto, da Religião, do fanatismo e de problemas de saúde mental que estão na base de muitos dos comportamentos extremados que podemos seguir na obra. E fora dela.
Embora Stephen King seja obviamente conhecido pelas suas obras ligadas ao género do Sobrenatural, com mais ou menos essa componente presente, ele mantém sempre uma das características que mais aprecio nele: o desenvolvimento das personagens, os contextos onde elas se inserem, a forma como vai ligando tudo e sobretudo nos faz sentir ligado (e preocupado) com as pessoas que estão na história. Neste romance, e conforme o fui lendo, confesso que senti algumas saudades do sobrenatural, mas convenhamos que já na obra anterior, "Holly", o tema também não estava presente, pelo que me convenci de que também não estaria neste. Claro que sei que há aqui uma componente subjectiva, pois sei que há pessoas para quem a violência física pode ser considerada "horror", mas para mim o verdadeiro "terror" é o sobrenatural. Embora, confesse sem problemas que com fantasmas, vampiros, lobisomens, etc, me sinto "em casa". Para mim o verdadeiro horror é mesmo o que os seres humanos conseguem fazer a si próprios.
Como já me estou a entusiasmar e com tendência para divagar, queria apenas dizer-vos que acabei por gostar mesmo muito deste livro. Sugiro que quem não se sente encantado com a Holly, dê uma oportunidade a este romance, pois tem muito mais do que ela apenas.
Como de costume, a tradução portuguesa tem erros que custam a perceber, sobretudo numa obra que tem dois tradutores e uma revisora. Detectei três grandes calinadas, difíceis de entender pois eu li o livro apenas uma vez e saltaram-me à vista. Custa a perceber como o texto passou supostamente por 3 profissionais contratados para o trabalho específico de tradução e revisão da obra e nenhum reparou em nada. Será que leram mesmo o livro, ou já será mesmo tudo com software e IA e eles depois escrevem o nome apenas?...
Os erros que apanhei não os vou especificar, pois falei neles ao nosso amigo José Manuel Paula Santos, especialista na área, para tentar confirmar o que vi quando ele próprio ler o livro, o que estará segundo penso para breve.
Termino com um aviso sério. Para aproveitarem o livro até mesmo à última página, não espreitem o final.
Repito: não espreitem o final.
É que passei a obra toda convencido que mais uma vez o Stephen não tinha incluído o sobrenatural na história. Até chegar ao final. Foi uma surpresa grande. Foi muito agradável. Foi de mestre. 🙂